Eulina Lavigne – Terapeuta Integrativa

Quando o corpo chora

Sempre que, na infância, uma pessoa experiencia situações desafiantes de viver – por exemplo, agressões ou envolvimentos dos pais com drogas, perda muito precoce dos pais, abandono – busca alguma estratégia para permanecer sendo amada e conseguir suportar essa dor.

Em muitos casos, a dor da ausência dos pais, seja porque faleceram ou porque não puderam atender todas as expectativas da criança por alguma razão, é também encoberta por ausências provocadas pelo envolvimento com drogas, ou se envolvendo demais com o trabalho, ou se preocupando muito com o corpo, ou com roupas, cada um vai buscar a sua forma de escapar e deixar de estar presente. Estar presente, viver com plenitude o agora, é um desafio muito grande para essas pessoas.

Com o passar do tempo, a vida vem nos convidando para sermos mais presentes. Quem aceita o convite e inicia o processo de ser presente, principalmente para aqueles que viveram traumas profundos, este é um processo de cura que pode vir acompanhado de muita dor. Essa dor precisa ser acolhida, pois faz parte. Afinal de contas, estamos convidando o nosso corpo a sair de um lugar de conforto para um lugar desconhecido, embora mais consciente.

Como já falei em artigo anterior, as células possuem uma memória que fica registrada no corpo onde a nossa alma se manifesta. E o nosso corpo, durante muito tempo, se acostumou a estar de certo ponto, ausente também. Em um processo de mudança de padrão, há uma resistência do corpo para evitar que isso aconteça, pois ele já estava acostumado com esse padrão. É como se ele lhe perguntasse: Para que mudar agora? Me deixe onde estou. Então resiste a sair da sua zona de conforto.

Paciência é algo que vai ser preciso, pois é muito angustiante e incomodo ouvir o choro do nosso corpo, pedindo a todo momento para deixar como está e para voltar ao que fazia antes. Podemos chamar essa fase de “fase de abstinência”. Esse é o período de provação, digamos assim. É o período em que precisamos provar que, de fato, estamos firmes no propósito de alterar algo que estamos determinados a fazer.

Escutar o choro do corpo requer uma conversa séria e amorosa com as nossas células. E essa conversa deve ser estabelecida no momento em que conseguimos sentir alívio, prazer e relaxamento, no momento em que se resiste em fazer diferente. Por exemplo, quando conseguir evitar qualquer vício que tenha, que pode ser por meio de meditação, um esporte e sentir alegria e serenidade por essa conquista; nesse momento, converse com as suas células para que sintam como esse comportamento lhe traz boas sensações, que é possível deixar de compensar algo por meio de vícios.

As nossas células são inteligentes e pensam. E podem ser convidadas a pensar que o nosso corpo pode sustentar uma vida saudável. Que o nosso corpo pode ser presente mesmo com todos os desafios da vida. Pois precisamos deixar de lado as expectativas que criamos com relação aos nosso pais e acreditarmos que fizeram o que puderam por nós. Acreditar e reverenciar o que de melhor nos deram que foi a VIDA!

E a vida precisa ser vivida em sua plenitude. Convido-lhe a escolher o melhor para você e parar de responsabilizar o outro por sua infelicidade ou dores. Sigamos o caminho do amor e reverencie quem lhe deu esse grande presente!

Artigo publicado no jornal Diário de Ilhéus em 05/01/2018 e republicado em 27/09/2019.

Publicado no Blog do Thame em 28/09/2019 em http://www.blogdothame.blog.br/v1/2019/09/28/quando-o-corpo-chora/#more-95026

8 respostas para “Quando o corpo chora”

  1. Parar para ouvir o que diz o nosso corpo é essencial. A questão mais importante é que, nem sempre sabemos entender a linguagem do nosso corpo. Na maioria das vezes nos perdemos. Porém, com ajuda, é possível sim. Vamos apostar nisso.

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Eulina M. Lavigne

Sou ariana/canceriana, que em busca de mim encontrei o meu lugar enquanto Terapeuta Transpessoal. Fui alta executiva durante 10 anos e aos 33 anos, em 1994 percebi que aquela não era a minha missão. E me tornei desde esse tempo um buscador de mim. Pois entendia que a partir de mim poderia cuidar do outro. E nessa busca conheci a Bionergética, os Grupos Operativos, DGCC - Diálogo e Gestão Criativa de Conflitos, as Constelações Familiares, as Práticas Integrativas, O Reiki Tradicional e o Xamânico, a Argiloterapia, a Experiência Somática, A Psicotraumatologia Junguiana, e a minha mais recente A Busca Meditativa. E hoje concluo a cada dia, que essa busca não tem fim. Sempre se inicia a cada dia e cada dia é um dia de rencontro. Entendi que quando cuido do outro também cuido de mim. E que essa é uma história que não tem fim.

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Sou ariana/canceriana, que em busca de mim encontrei o meu lugar enquanto Terapeuta Transpessoal. Fui alta executiva durante 10 anos e aos 33 anos, em 1994 percebi que aquela não era a minha missão. E me tornei desde esse tempo um buscador de mim. Pois entendia que a partir de mim poderia cuidar do outro. E nessa busca conheci a Bionergética, os Grupos Operativos, DGCC - Diálogo e Gestão Criativa de Conflitos, as Constelações Familiares, as Práticas Integrativas, O Reiki Tradicional e o Xamânico, a Argiloterapia, a Experiência Somática, A Psicotraumatologia Junguiana, e a minha mais recente A Busca Meditativa. E hoje concluo a cada dia, que essa busca não tem fim. Sempre se inicia a cada dia e cada dia é um dia de rencontro. Entendi que quando cuido do outro também cuido de mim. E que essa é uma história que não tem fim.

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