Há algum tempo eu parei de escrever. Ao longo de alguns anos passei escrevendo semanalmente artigos e isso me cansou um pouco. Dei uma pausa longa.
E hoje senti vontade de escrever quando percebi, no dia 16 de agosto, que duas das mulheres assassinadas em Ilhéus fizeram parte do meu convívio nos anos de 2004 a 2005.
O esposo de Lena, como era carinhosamente chamada, era um dos guardiões da fazenda Luliana enquanto parceiro da nossa unidade produtiva. Lena foi para a cidade comigo cuidar dos meus filhos enquanto eu ia trabalhar. Ficou grávida, Mariana nasceu e passou a morar com a gente para que Lena continuasse a trabalhar também. Nos ajudamos neste sentido.
A justiça precisa ser feita e políticas públicas precisam ser implantadas para que a nossa segurança seja garantida como mulher e principalmente como Ser Humano. Todos nós temos o direito a segurança e pagamos por isso por meio dos nossos impostos.
No entanto, essas providências irão amenizar as nossas questões e estão longe de ser a solução, pois o que vivemos são questões estruturais, culturais e sociais, como bem sabe e estuda minha competente amiga Maiara Liberato. Maiara, ao longo da sua vida manteve um programa na Rádio Metrópole chamada Cabeça de Homem para compreender o que se passa na cabeça dos homens. E o que será? Sugiro escutá-la em @maiaraliberatooficial.
Todos nós precisamos de ajuda para nos desenvolver, lembra nosso querido Bert Hellinger em seu livro As Ordens da Ajuda. E a primeira ajuda que recebemos é a da nossa família. Pelo menos deveria ser esse o normal. Tomamos dos nossos pais tudo que nos dão.
E quando a família está ausente, a mãe e o pai saem para trabalhar e não existem creches e nem cuidadores capacitados o que acontece? Quando a mãe solo precisa trabalhar e cuidar de 1,2,3,5…filhos com quem ela deixa?
Quando uma grande parte dos homens renunciam à sua responsabilidade como pai, deixando para a mulher todas as responsabilidades inclusive financeira, por entenderem que quando deixam de ser marido deixam de ser pai também, o que acontece com esta família?
As questões vão muito além de culpas e sim de reponsabilidades.
E o Estado, que também somos nós, precisa dialogar sobre a violência contra os Seres Humanos independente de gênero.
O tema sobre o qual devemos dialogar é sobre a F A M Í L I A!
Sobre como o Estado pode apoiar a família ou quando não pode e, como as famílias mais estruturadas podem apoiar umas as outras, para que a vida flua com leveza e sobretudo com AMOR!
Eu tive a sorte de ter o apoio de Lena, e ela pode contar como meu quando aceitei que a filha ficasse em minha casa enquanto necessitou. E isto é uma exceção.
Precisamos de Gestores amorosos, responsáveis e comprometidos com a Família. Não só a sua como a de todo cidadão.
Todo cidadão precisa ter uma família bem estruturada. E isso passa principalmente pela EDUAÇÃO!
Precisamos de creches de qualidade, de escolas de tempo integral, de escolas rurais, de pais e mães amorosos que não precisem descarregar nos seus filhos as suas aflições e isso deixar de virar uma guerra sem fim entre homens e mulheres.
Mulheres são vítimas de violência sexual e outras mais e os homens são obrigados a serem os fortes e apanham principalmente das mulheres na exigência de serem homens com “H” e, muitas vezes ocupem o papel do pai ausente.
A solução para tudo isso é um grande desafio e se oferecemos o básico para que uma família se mantenha unida já é um bom caminho andado.
E família unida, para mim, está relacionada a um pai e uma mãe que independente de estarem juntos se relacionem bem em benefício dos seus filhos.
Tenho ainda muitas coisas a falar e vou deixar para um próximo artigo.
Sou avó e mãe de 3, adoro escrever e fazer poesias. Atuo como terapeuta integrativa, com Constelação Familiar, como especialista em trauma; cuido da terra; faço chocolates e faço parte de uma Cooperativa de produtores orgânicos.
Quer ler os meus artigos visite o meu site Artigos – Eulina Lavigne – Terapeuta Integrativa