Eulina Lavigne – Terapeuta Integrativa

Abra a boca e feche os olhos!

Esta semana me lembrei desse comando que, de vez em quando, ouvia na minha infância e que hoje me traz uma reflexão sobre o confiar. O quanto praticávamos brincadeiras que trabalhavam a nossa confiança, a nossa ligação com o próximo, a união, a resiliência e tantas coisas mais. E sinto um tanto quando percebo o distanciamento do modelo atual de brincadeiras tão solitárias e individuais ligadas ao computador e celular.

Enfim, retomemos a questão da confiança. Lembro que, quando alguém queria me dar algo que julgava gostoso, pedia para abrir a boca e fechar os olhos. E antes de fazer isso lembro que sempre me perguntava o que iria entrar na minha boca sem ter a certeza do que seria, pois, afinal de contas, tinha que fechar os olhos para receber. E isso exigia de mim uma extrema confiança naquele que estava me fazendo a proposta. Eu confiava e sempre recebi coisas boas, e isso foi reforçando em mim o confiar. Confiar na vida.

No entanto, havia crianças muito brincalhonas, que se sentiam livres para praticar a sua maldade e colocavam na boca de outras crianças capim e coisas desagradáveis, o que sinalizava, para quem recebia, que não devia confiar tanto assim. E assim construíam as suas crenças.

Hoje, percebo que, embora construamos crenças de forma distorcida, por exemplo, que não devemos confiar em nada e em ninguém, a vida tem me mostrado que o medo criado por nós nos impede de fazer esse movimento. Confiar está relacionado com o movimento da entrega. Em perceber que o que acontecer comigo é para o meu aprendizado, para o meu crescimento e ampliar a percepção da minha Alma sobre a vida. Nada vem para me destruir e sim para me ensinar, me tornar mais resiliente, a buscar soluções e alternativas.

Digo sempre que se há um problema, deve haver uma solução para ele que nem sempre é a que queremos, e sim a que é. Talvez a solução seja confiar e deixar como está para ver como é que fica. Digo também, que se o problema veio para mim é porque posso solucionar, mesmo que precise pedir ajuda do outro e sou eu quem precisa fazer o movimento.

Experimente abrir a boca e fechar os olhos agora enquanto lê esse texto, e veja a sensação que lhe dá. E imagine que o que quer que entre em sua boca, você terá a opção de por para fora ou de engolir. Esse poder é nosso! E assim é na vida. Podemos confiar e nos entregar para a vida.

Podemos viver o que precisamos viver, e confiar que mesmo que seja sofrido, precisamos viver e deixar o sofrimento passar, sem adiantarmos o passo. Pois tudo termina no seu tempo.

Abra a boca e feche os olhos, ore e se conecte com a Vida, pois ela é o nosso grande presente, mesmo que acredite que a sua veio mal embrulhada.

Rasgue esse papel e embrulhe do jeitinho que quer recebê-la. Só você pode fazer isso! E se achar que não pode fazer sozinho, convide alguém em quem confie para lhe ajudar!

Boa sorte!

Artigo publicado no jornal Diário de Ilhéus em 26/01/2018 e no Blog do Thame

2 respostas para “Abra a boca e feche os olhos!”

  1. Muito boa reflexão! Nos remete a esse sentimento tão fundamental nas relações humanas, a confiança, a entrega. E mais importante ainda, a confiança em nós mesmos, em primeiro lugar.
    Parabéns Eulina.
    Lúcia Passos

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Este artigo foi escrito por:

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Eulina M. Lavigne

Sou ariana/canceriana, que em busca de mim encontrei o meu lugar enquanto Terapeuta Transpessoal. Fui alta executiva durante 10 anos e aos 33 anos, em 1994 percebi que aquela não era a minha missão. E me tornei desde esse tempo um buscador de mim. Pois entendia que a partir de mim poderia cuidar do outro. E nessa busca conheci a Bionergética, os Grupos Operativos, DGCC - Diálogo e Gestão Criativa de Conflitos, as Constelações Familiares, as Práticas Integrativas, O Reiki Tradicional e o Xamânico, a Argiloterapia, a Experiência Somática, A Psicotraumatologia Junguiana, e a minha mais recente A Busca Meditativa. E hoje concluo a cada dia, que essa busca não tem fim. Sempre se inicia a cada dia e cada dia é um dia de rencontro. Entendi que quando cuido do outro também cuido de mim. E que essa é uma história que não tem fim.

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Sou ariana/canceriana, que em busca de mim encontrei o meu lugar enquanto Terapeuta Transpessoal. Fui alta executiva durante 10 anos e aos 33 anos, em 1994 percebi que aquela não era a minha missão. E me tornei desde esse tempo um buscador de mim. Pois entendia que a partir de mim poderia cuidar do outro. E nessa busca conheci a Bionergética, os Grupos Operativos, DGCC - Diálogo e Gestão Criativa de Conflitos, as Constelações Familiares, as Práticas Integrativas, O Reiki Tradicional e o Xamânico, a Argiloterapia, a Experiência Somática, A Psicotraumatologia Junguiana, e a minha mais recente A Busca Meditativa. E hoje concluo a cada dia, que essa busca não tem fim. Sempre se inicia a cada dia e cada dia é um dia de rencontro. Entendi que quando cuido do outro também cuido de mim. E que essa é uma história que não tem fim.

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