Eulina Lavigne – Terapeuta Integrativa

A dor, o corpo e o amor

Imagem de Pexels por Pixabay

Costumo dizer em artigos anteriores, que a dor do corpo é a dor da Alma e é causada, também, pelas nossas experiências traumáticas de interferências intensas em nosso sistema nervoso central.

A dor faz parte do sistema de defesa do nosso organismo. Indica que algo está fora de ordem e se este processo de ativação e desativação do sistema nervoso acontece continuamente, a dor pode passar a ter a mesma função de uma droga no sistema de um indivíduo viciado, alterando o seu humor, afetando a sua concentração e a sua disposição por diversas atividades. É como se o indivíduo precisasse sentir dor para perceber que existe e, também, por traz de tudo isto, pode existir uma expressão de necessidade de atenção por cuidados e amor.

A Experiência Somática é um recurso terapêutico, psicobiológico que contribui, e muito, para amenizar as dores, com o processo de revisitação das memórias traumáticas guardadas e a liberação das sensações e respostas que ficaram guardadas por muito tempo em nosso corpo.

E o mais interessante é que, a revisitação, não necessariamente passa por uma contação de história, que se feita de forma descuidada pode provocar uma re-traumatização. O nosso corpo é sábio o suficiente para promover esta liberação com respostas como tremores, bocejos, emoções, arrotos e uma série de respostas sem que se quer saibamos do que se trata. Ele sabe e isto é o suficiente para nos curarmos desde que se dê permissão ao corpo para fazer isto.

Eu recomendo sempre o exercício de olhar para a dor, reconhecê-la, acolhê-la e respirar na dor. Inspirar e expirar na dor é um processo de internalização e reconhecimento, trazendo a possibilidade de ampliação da consciência sobre a sua história. E isto deve ser feito com um suporte terapêutico, para que nesta ampliação de consciência seja construído um olhar mais amoroso sobre a experiência vivenciada e o corpo seja preparado para este novo olhar de forma confiante e segura.

O nosso corpo, se tivermos paciência e amorosidade com ele, é capaz de dar um novo significado à experiência traumática vivenciada a partir de uma percepção consciente do que acontece com ele.  

Olhar para a dor com amor é a grande chave. O corpo é capaz de, em alguns segundos, nos remeter à nossa infância e trazer tanto memórias agradáveis como desagradáveis. Sem que percebamos e tenhamos a clareza dos fatos, podem ser ativadas memórias, por uma palavra ou um gesto provocando reação de alegria ou de raiva, por exemplo.

O nosso cérebro, por meio da insula que é uma estrutura pequena com formato de uma ameixa enrugada, localizada no ponto de convergência entre os lobos temporal, parietal e frontal, é ativado como se fatos que ocorreram no passado estivessem ocorrendo naquele momento.

A insula não distingue o que é passado ou presente, e desta forma o nosso corpo recebe informações do cérebro e é ativado de forma benéfica ou maléfica a depender do fato que seja vivenciado, por meio de uma experiência, de uma leitura ou da escuta.

O nosso corpo é o abrigo da nossa Alma e, portanto, requer de cada um de nós um cuidado e um olhar amoroso sobre tudo o que ele nos revela.

Artigo publicado no jornal Diário de Ilhéus em 09/10/2020

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Eulina M. Lavigne

Sou ariana/canceriana, que em busca de mim encontrei o meu lugar enquanto Terapeuta Transpessoal. Fui alta executiva durante 10 anos e aos 33 anos, em 1994 percebi que aquela não era a minha missão. E me tornei desde esse tempo um buscador de mim. Pois entendia que a partir de mim poderia cuidar do outro. E nessa busca conheci a Bionergética, os Grupos Operativos, DGCC - Diálogo e Gestão Criativa de Conflitos, as Constelações Familiares, as Práticas Integrativas, O Reiki Tradicional e o Xamânico, a Argiloterapia, a Experiência Somática, A Psicotraumatologia Junguiana, e a minha mais recente A Busca Meditativa. E hoje concluo a cada dia, que essa busca não tem fim. Sempre se inicia a cada dia e cada dia é um dia de rencontro. Entendi que quando cuido do outro também cuido de mim. E que essa é uma história que não tem fim.

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Sou ariana/canceriana, que em busca de mim encontrei o meu lugar enquanto Terapeuta Transpessoal. Fui alta executiva durante 10 anos e aos 33 anos, em 1994 percebi que aquela não era a minha missão. E me tornei desde esse tempo um buscador de mim. Pois entendia que a partir de mim poderia cuidar do outro. E nessa busca conheci a Bionergética, os Grupos Operativos, DGCC - Diálogo e Gestão Criativa de Conflitos, as Constelações Familiares, as Práticas Integrativas, O Reiki Tradicional e o Xamânico, a Argiloterapia, a Experiência Somática, A Psicotraumatologia Junguiana, e a minha mais recente A Busca Meditativa. E hoje concluo a cada dia, que essa busca não tem fim. Sempre se inicia a cada dia e cada dia é um dia de rencontro. Entendi que quando cuido do outro também cuido de mim. E que essa é uma história que não tem fim.

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